Neste ano de 2022 o mês de novembro vai trazer-nos um novo dia comemorativo muito importante! Assinala-se o dia 29 de novembro que tem o intuito de chamar a atenção e promover a consciência para as doenças do movimento.
E de que se tratam as doenças do movimento?
Segundo a Sociedade Portuguesa de Doenças do Movimento (SPDMov), estas doenças "consistem num conjunto de doenças neurológicas que se manifestam por alterações do movimento do corpo, não sendo causadas por defeito de força. Caracterizam-se por lentidão ou pobreza de movimentos (hipocinésia); por movimentos involuntários exagerados (hipercinésia), como tremor (…); ou por incoordenação dos movimentos, sendo que diferentes manifestações coexistem frequentemente numa mesma doença.”
Ainda citando a SPDMov, dentro deste grupo de doenças as mais comuns e conhecidas são a Doença de Parkinson e o Tremor Essencial. Na sua generalidade estas são consideradas doenças raras porque afetam, individualmente, menos de 1% da população. Contudo, estão normalmente associadas a uma incapacidade significativa.
Enquanto fisioterapeuta especialista nesta vertente das doenças do movimento, fico bastante agradada com este novo dia, pois sei que quem vive com uma doença destas se depara com inúmeras dificuldades, agravadas ainda pelo estigma que a sociedade lhes coloca! Sinto que é mesmo urgente dar a conhecer estas doenças incapacitantes e limitantes para que todos possamos ser empáticos e compreensivos. Estas pessoas não podem sentir-se julgadas por terem uma doença que também preferiam (obviamente) não ter.
Para que possamos todos adquirir alguma literacia neste tema, vou apenas deixar aos meus leitores algumas sugestões de como poderá mudar para melhor a sua convivência com alguém que conheça e tenha sido diagnosticado com uma destas patologias.
Por exemplo, deve compreender que quem treme nem sempre é porque está nervoso, e que quanto menos der importância ao tremor do outro mais confortável ele se irá sentir e, porventura, menos irá tremer. A pessoa não controla esse sintoma e já está certamente pouco confortável com o mesmo, mas estará a fazer um esforço para falar ou socializar. Seja compatível com esse esforço.
Quando se deparar com uma pessoa que manifesta desequilíbrios ou movimentos involuntários, observe bem antes julgar de imediato a pessoa como estando embriagada. Esta é uma das “queixas” que as pessoas com doenças do movimento mais nos relatam no nosso dia a dia. Tente dar-lhe o benefício da dúvida e ofereça a sua ajuda.
Não avalie as pessoas pela expressão da sua face. Na doença de Parkinson, por exemplo, os músculos da face podem ficar como que “bloqueados/ parados” e não quer dizer que aquela seja uma pessoa mal disposta ou carrancuda. Apenas acontece que a sua face não é capaz de responder às suas emoções como a face de alguém que não sofre de algo semelhante.
Compreenda que pode cruzar-se com pessoas que falam muito baixo e que terá dificuldades em compreendê-las, mas que elas querem falar-lhe e que estão a fazer um grande esforço para isso. Por isso, retribua esforçando-se para as ouvir e dês-lhe o tempo de que necessitam, para se fazerem compreender.
Ao cruzar-se com alguém que caminha lentamente, que pára e parece não conseguir avançar, seja na rua, na passadeira ou noutro local, essa pessoa não nos quer atrasar. Ela apenas não consegue, devido à sua doença, ser mais rápida ou andar de forma contínua. Não se atravesse na sua frente, não buzine, pois só aumentará o seu stress e isso irá agravar toda a situação. Quanto muito, ofereça o seu braço para a ajudar a caminhar, se a pessoa assim o desejar.
Se vir alguém que não está a caminhar bem, mas que chega a umas escadas e subitamente as sobe sem dificuldade, não é alguém a fazer de propósito para nos enganar. As doenças do movimento são complexas e há sítios e situações que ajudam a caminhar (como as escadas) e outras que dificultam o caminhar como as zonas mais planas sem quaisquer marcas ou estímulos visuais.
Por último, algo bastante comum, mas que deverá corrigir se já alguma vez o fez (ou mesmo antes de o fazer): quando alguém nos diz que tem uma doença deste género, não refira exemplos negativos que conhece porque cada caso é um caso. Diria que o melhor é aconselhar a pessoa a ser bem acompanhada por uma equipa multidisciplinar experiente em acompanhar este tipo de casos, pois dessa forma pode viver mais tempo e com uma maior qualidade de vida!
Poderia continuar com inúmeros exemplos, mas acima de tudo quero deixar a mensagem de que devemos ser compreensivos e disponíveis para ajudar, antes de sermos críticos e partirmos para o julgamento.
Fonte consultada:
https://spdmov.org/o-que-sao-doencas-do-movimento/