Portugalis – Turismo, Cultura, Lazer, Saúde, Desporto e Bem-estar

PORTUGALIS ®

Turismo, Cultura, Lazer, Saúde, Desporto e Bem-estar

Diretor: Nuno Pinto

Publicação Periódica: Registo ERC, n.º 127078

Periodicidade: Diária (dias úteis)

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Paredes de Coura

Paredes de Coura

Foto: CMPC

Delírio de Opinião
Delírio de Opinião
Augusto Balça | Formador e Tecnólogo
Formador e Tecnólogo | Augusto Balça

O mundo parou?

O mundo parou?
Foto: Augusto Balça

A pergunta parece enigmática. Mas a resposta é simples: claro que não!

Reporto-me, obviamente, ao “apagão” de há cerca de uma semana nas Redes Sociais. Na passada segunda-feira, Facebook, Instagram, WhatsApp e Oculus estiveram offline durante meia dúzia de horas, fazendo “correr tinta” na comunicação social mundial e provocando uma espécie de pânico global generalizado. Usados por bilhões de pessoas, estes aplicativos do universo Zuckerberg interromperam literalmente as vidas de muitas pessoas, empresas e instituições.

Mas terá sido mesmo assim? Estará o mundo dependente das Redes Sociais para sobreviver? Talvez seja interessante refletir acerca deste episódio, além dos aspetos puramente técnicos ou tecnológicos, ou até de outras questões prementes, como as legais e regulamentares, também em ebulição por estes dias depois das denúncias e revelações de Frances Haugen, ex-gestora de produto da Facebook.

Podemos considerar que existe efetivamente uma sujeição da nossa vida diária à Internet, tal como acontece com outras tecnologias. Provavelmente, não concebemos imaginar a nossa vida sem acesso à “rede”, tal como consideraremos impossível viver sem eletricidade, ou sem água canalizada. Ainda que por apenas algumas horas, o desaparecimento das aplicações Facebook da Internet provou poder deixar-nos bloqueados, ao provocar um efeito dominó em muitos outros serviços, uma vez que os mecanismos de validação pelas Redes Sociais são já usados por muitos utilizadores para entrar em muitos outros aplicativos e serviços, como SmartTv, Wearables, sites de compras, ou mesmo aplicações de controlo domótico e IoT ligados à Internet. Algumas notícias chegaram mesmo a referir a impossibilidade de funcionários acederem às instalações das suas empresas, devido ao ‘shutdown’ dos mecanismos de controlo de acesso e validação.

Mais preocupantes, contudo, são os relatos de tantas centenas de milhar de utilizadores, que afirmaram ficar emocionalmente afetados com aquela interrupção, chegando mesmo a considera-la traumática. Têm sido muitos os estudos que apontam o Facebook e outras Redes Sociais como influenciadores da nossa saúde emocional. Mas talvez seja agora o momento de discutir a sério a influência do Facebook e das suas plataformas, assim como outras que proliferam na Internet, na forma como comunicamos, nos divertimos e descontraímos, mas também como uma interrupção temporária pode alterar a forma como interagimos nas diferentes esferas de nossas vidas e provocar um impacto psicológico e comunicativo.

Opiniões mais radicais aproveitam eventos como este para afirmar que devemos viver sem as Redes Sociais. Há muito que deveríamos ter ultrapassado este debate, sobre se estas plataformas e aplicações são boas ou más para as pessoas, ou mesmo para a nossa (inter)comunicação. Elas são já transversais ao mundo em que vivemos. A questão útil e urgente é saber se utilizamos os meios tecnológicos certos na hora certa, tirando assim o máximo proveito do potencial das redes, conscientes das suas barreiras, e nunca descurando as virtudes de outras formas síncronas e mais pessoais comunicação.

Como em qualquer outro avanço tecnológico, ocorrido ao longo da história da humanidade, também no mundo do digital e da Internet é necessário estabelecer regras e padrões para lidar com o progresso. Dir-se-á, de forma simples, que o importante é aprender a usar adequadamente as ferramentas à nossa disposição. Sendo verdade, deve ser complementado com a consciência de que a revolução das tecnologias da informação e comunicação traz outros prós e contras aos indivíduos e à sociedade.

Todos testemunhamos uma tremenda e constante revolução no campo da tecnologia, ao mesmo tempo que vemos a informação digital tornar-se parte importante e indispensável das nossas vidas. Como utilizadores dos meios tecnológicos, mas, e acima de tudo, como indivíduos a viver em sociedade, temos o dever de usá-los da forma correta, de acordo com regras de convivência social, sejam estas éticas ou legais, respeitando, por exemplo, questões de privacidade ou de liberdade de expressão. Trata-se de caminharmos na direção de uma nova forma de cidadania, ou seja, de uma sociedade consciente e educada para a Literacia Digital.

O uso da tecnologia enquanto recurso, de forma adequada, informada e consciente, é o que quero destacar neste “Delírio de Opinião”. A complexidade dos efeitos demonstrada pelo apagão das Redes Sociais é a prova clara de que necessitamos de mais educação digital ou, se preferirmos, de uma verdadeira aposta na Cidadania Digital.

Somos quase todos "imigrantes digitais", num terreno que pensamos conhecer e dominar, quando, na verdade, estamos ainda todos a aprender. A par dos chamados “nativos digitais”, jovens e adolescentes pressupostamente mais comprometidos e apegados à tecnologia, nascidos já nesta realidade, todos fomos sendo recrutados à medida que o mundo foi atingindo o domínio e a dependência tecnológica. E com isto surgiram fossos digitais, derivados de uma nova espécie de infoexclusão, diferente daquela que vivemos nos anos 80/90, em que o problema se prendia com a dificuldade de acesso aos meios tecnológicos.

Num mundo totalmente interligado, o problema não se coloca hoje na indisponibilidade de acesso a dispositivos eletrónicos ou tecnológicos; coloca-se no facto da tecnologia se ter tornado uma necessidade, não só em algumas áreas de trabalho, mas também no nosso ambiente familiar, emocional e nas formas de relacionamento quotidiano, tão evidentes durante a pandemia que vivemos nestes últimos tempos. Podemos falar, sem dúvida, de uma dependência das redes, salvaguardando que não me refiro propriamente a aspetos mais sensíveis estudados pela Psicologia. Fundamentalmente, apercebemo-nos de uma dependência instrumental, com influencia na nossa ação, no nosso estado de espírito e, por sua vez, nas nossas emoções. Por isso, a interrupção das redes ter-se-á tornado num gatilho de ansiedade, não apenas a nível pessoal, mas também coletivamente e a nível social.

A boa notícia é que o nosso “Portugalis” nunca deixou de estar acessível aos leitores. Portanto, eis a prova de que o mundo não parou totalmente. Apesar de dito em tom de brincadeira, este comentário anterior não deixa de ser importante para salientar um dos aspetos virtuosos da tecnologia. Refiro-me a uma certa prolixidade, que possibilita, por exemplo, através dos múltiplos dispositivos, canais, aplicações, fornecedores, etc., várias formas de obter os mesmos ou semelhantes resultados. A maioria da informação que esteve indisponível nas Redes Sociais, na passada segunda-feira, nunca deixou de estar disponível em sites na World Wide Web, ou mesmo noutras Redes Sociais não pertencentes à Facebook. Também para as aplicações de mensagem foram muitos os utilizadores que relataram recorrer a aplicações alternativas à que se encontrava inacessível.

Eis uma primeira lição que fica, retirada da ancestral sabedoria popular: “não colocar todos os ovos na mesma cesta”.

Opinião
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Foto: Augusto Balça

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Foto: Augusto Balça

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Foto: Augusto Balça

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Mas, neste “delírio”, vou desviar-me para outra literacia, cuja carência parece ser clara em muitas situações quotidianas. Refiro-me à Literacia Jurídica e, em particular, à questão do registo de imagens no espaço público.

O mundo parou?
Foto: Augusto Balça

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A pergunta parece enigmática. Mas a resposta é simples: claro que não!

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Foto: Augusto Balça (ilustração)

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